Imigração Sírio-Libanesa na América Latina- História e Herança

Brasil e Argentina são os principais polos da comunidade sírio-libanesa na América Latina, mas a presença dessa população também é significativa em países como México, Venezuela, Paraguai, Colômbia e Equador. No caso da República Dominicana, o presidente Luis Abinader tem origens libanesas. Entre os descendentes mais conhecidos, destacam-se a cantora Shakira e a atriz Salma Hayek, cujas trajetórias exemplificam o impacto cultural da imigração sírio-libanesa na região.

A imigração sírio-libanesa para a América Latina começou no final do século XIX e início do século XX, impulsionada por crises políticas e econômicas no Oriente Médio. Embora o fluxo inicial de imigrantes tenha sido facilitado por passaportes do antigo Império Otomano, o que dificultava a distinção entre libaneses e sírios, o legado dessa comunidade se tornou profundo e visível ao longo do tempo. Sua presença deixou uma marca cultural imensurável, fazendo parte do “quebra-cabeça microcósmico” que compõe a diversidade da América Latina.

Para entender esse fenômeno em uma perspectiva mais ampla, é interessante observar como a presença árabe-muçulmana, que se estabeleceu por mais de 800 anos na Península Ibérica, ajudou a moldar não apenas a história da região, mas também as identidades culturais que chegaram até os dias atuais, influenciando, de certa forma, o percurso dos imigrantes sírios e libaneses na América Latina.

As influências sírio-libanesas são visíveis em muitos aspectos da vida cotidiana na América Latina, desde a culinária até a arquitetura. A culinária árabe, por exemplo, se tornou uma das mais apreciadas e consumidas em diversos países da região. Pratos como esfirras, kibe, homus, tabule e falafel são amplamente consumidos, especialmente em comunidades com forte presença árabe. No Brasil, esses pratos se misturaram ao repertório gastronômico local e são servidos em festas, restaurantes e até nas feiras de rua. Além disso, ingredientes como azeite, grão-de-bico, tahine, pimenta-do-reino, noz-moscada e canela enriqueceram a culinária brasileira, criando novos sabores e combinações.

A música árabe também teve um papel importante na formação da sonoridade contemporânea da música brasileira, influenciando gêneros como o samba e a música popular brasileira. Os ritmos e a melodia árabes contribuíram para a diversidade sonora que caracteriza a música latino-americana.

A arquitetura árabe deixou sua marca, especialmente em detalhes como os mosaicos de azulejos, os “muxarabis” (estruturas de madeira com detalhes geométricos), as treliças e os cobogós — esses elementos podem ser encontrados em várias cidades latino-americanas, principalmente em áreas com grande presença de descendentes de árabes.

Além disso, hábitos cotidianos como o uso de azeite no lugar da banha de porco, o consumo de café de maneira ritualística e o uso de produtos como sabonetes e escovas de dente também têm origem nas tradições árabes, e hoje fazem parte da vida diária de muitos latino-americanos.

Brasil: No Brasil, a presença sírio-libanesa é marcante. As influências podem ser vistas tanto na gastronomia quanto em outras áreas da vida cultural. Restaurantes de comida libanesa são comuns em várias cidades, e pratos como esfirra, kibe e falafel se tornaram parte do cardápio de muitos brasileiros. Além disso, as festas típicas, como as que celebram o Dia do Sírio-Libanês, em São Paulo, evidenciam a força da cultura árabe na formação da identidade brasileira.

Argentina: Na Argentina, especialmente em Buenos Aires, existe uma grande comunidade árabe, e a influência sírio-libanesa também é visível na gastronomia. Restaurantes que servem “sushi árabe” e kebabs são populares, e pratos como empanadas árabes e esfirras são tão comuns que podem ser encontrados em mercados e feiras. A culinária árabe se mescla com os costumes argentinos, criando um híbrido cultural único.

Venezuela: Em Caracas, na Venezuela, muitos pratos tradicionais libaneses, como tabule e homus, são consumidos regularmente. As lojas de especiarias que importam produtos diretamente do Líbano, como o za’atar, uma mistura de especiarias, são comuns em bairros com grande concentração de descendentes árabes.

México: O México também preserva legados sírio-libaneses, especialmente na culinária. Pratos como falafel e homus, populares no Oriente Médio, já fazem parte do repertório gastronômico mexicano, especialmente em cidades como a Cidade do México. Muitos mexicanos, inclusive, desconhecem a origem árabe desses pratos, que já foram completamente incorporados à culinária local. Bairros como Tepito, em Cidade do México, preservam influências da arquitetura árabe, com detalhes como mosaicos e muxarabis. Algo que é importante realçar é o queridinho Taco Al Pastor: inspirado no shawarma, um prato tradicional do Oriente Médio, os imigrantes libaneses adaptaram a receita usando carne de porco, temperos e técnicas de cozimento locais.


A imigração sírio-libanesa deixou uma marca inegável na cultura latino-americana, e os exemplos que exploramos são apenas uma amostra de como essa rica herança continua a influenciar a vida cotidiana da região. A presença dessa comunidade ajudou a moldar uma América Latina vibrante, cheia de cor e conectada por histórias, culturas e sabores compartilhados. Para nós, cada voz e cada conexão importam. Não perca a chance de acompanhar mais causos do universo latino-americano. Assine nossa newsletter e fique por dentro de dicas, curiosidades e muito mais sobre o plural que habita a América Latina!

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