O Guia Gastronômico Taste Atlas revelou o ranking dos melhores pratos do mundo para 2024-2025 — e a América Latina brilha mais uma vez. Entre as delícias escolhidas por milhares de pessoas, a lechona colombiana alcançou o primeiro lugar, enquanto a suculenta picanha brasileira garantiu a terceira posição. Mas a festa não para por aí: outros clássicos também se destacaram, como o asado argentino, a cochinita pibil mexicana, o pernil porto-riquenho, o escondidinho brasileiro, o lomo saltado peruano, o pozole mexicano, a milanesa napolitana argentina, a moqueca baiana brasileira e as machas a la parmesana chilenas. A culinária latina é bem mais do que comida, há cores e camadas.
Para nós, imigrantes, esses pratos carregam um tempero especial: o sabor da memória. Cada garfada é um portal para casa, uma viagem no tempo entre o aconchego e a saudade. Pensando nisso, convidamos você a embarcar conosco nessa jornada de sabores. Prepare o prato ou a cumbuca, afie os talheres e pegue o guardanapo — é hora de explorar o que torna a nossa cozinha tão extraordinária.
Já celebramos os ícones do churrasco latino-americano com a picanha e o asado, e também o pozole, um dos maiores comfort foods latino-americanos. Agora, o holofote se volta para outros pratos que merecem sua atenção e que se conectam com a essência da SOMOS. Como? Venha descobrir no nosso guia da culinária latina!
Lechona
Com origens árabes, a lechona chegou à América Latina durante a colonização, adaptando-se ao longo do tempo e das geografias. Cada país deu seu toque pessoal à receita, e na Colômbia ela se transformou em uma tradição tão forte que ganhou um dia oficial no calendário: 29 de junho.
Historicamente, a lechona era servida nas mesas aristocráticas durante celebrações religiosas e familiares, mas hoje, mantém sua aura festiva e familiar. Em toda a Colômbia, o prato carrega com orgulho o sabor da identidade nacional. Sua origem é plural, como a própria América Latina: alguns acreditam que surgiu nas fazendas, com influências africanas, enquanto outros apontam para as tradições indígenas, que já usavam o porco em suas receitas pré-colombianas.
Preparar a lechona exige paciência, mas o resultado vale cada minuto. A combinação de carnes suculentas, arroz e especiarias reflete a diversidade cultural da região. É mais do que comida; é uma representação viva da história coletiva da América Latina, repleta de tradições, resistência e celebração.
Cochinita Pibil
Com profundas raízes nas tradições indígenas pré-colombianas, a cochinita pibil nasceu entre o povo maia, especialmente durante o Hanal Pixán — o ritual conhecido hoje como o Día de los Muertos. Originalmente concebido como uma oferenda religiosa em Yucatán, o prato conecta os mundos dos vivos e dos mortos.
A chegada dos espanhóis trouxe adaptações à receita, incorporando novos ingredientes e técnicas. Porém, os condimentos originais se mantiveram, preservando a alma do prato. Até hoje, muitos se dedicam a manter a receita ancestral, celebrando a sofisticação culinária de uma civilização envolta em mistério.
A versatilidade da cochinita pibil é outro ponto de destaque. Ela pode ser saboreada em tacos, panuchos, bolos e muitas outras formas, cada uma revelando uma faceta distinta de sua rica história. O prato é mais do que alimento; é um símbolo da fusão cultural entre os maias e os colonizadores espanhóis, um encontro de tradições que moldaram a gastronomia e a história da região.
Mais do que um alimento, ele simboliza a complexa fusão entre o povo maia e os colonizadores espanhóis, um encontro complexo de culturas que moldou a gastronomia e a história da região. Cada mordida é um mergulho em um passado repleto de simbolismo, sabor e resistência cultural — uma conexão viva entre mundos e tempos, onde histórias se encontram e tradições permanecem.
Pernil
Originário de Porto Rico, o pernil é uma carne assada que carrega história em cada tempero. Seu nome reflete a fusão de culturas: combina o espanhol “perna” com o catalão “presunto”, uma herança da colonização. A receita foi adaptada ao longo do tempo, com sabores locais como orégano, alho e cítricos.
Embora o pernil tenha se popularizado por toda a América Latina, ele é especialmente importante nas festas de Natal em Porto Rico. Em outros lugares, como na Venezuela, o prato é servido com hallacas, ensalada de gallina e pan de jamón, ou é substituído por alternativas como o peru recheado ou o asado negro. O pernil também se encontra em arepas, como na clássica arepa de pernil ou na deliciosa “rumbera” com queijo gouda.
Comer porco no Natal é considerado um símbolo de sorte, e a carne cozida lentamente representa deixar o passado para trás e seguir em frente. Mais do que uma refeição, o pernil celebra a vida, as tradições e a capacidade de adaptar sabores, criando um prato universal, mas profundamente enraizado em suas origens.
Escondidinho
O escondidinho é um prato simples, mas cheio de mistério, refletindo a riqueza cultural do Brasil. Seu nome já sugere segredo, e sua origem também é cercada de mistérios: muitos associam o prato ao Nordeste, mas suas raízes podem ser ainda mais profundas. Uma receita que une a gastronomia indígena, a influência africana e a colonização portuguesa.
Com ingredientes como a mandioca, cultivada pelos povos originários, e carnes de gado, caprinos, peixes e frutos do mar, o escondidinho varia de região para região. A versão mais famosa, feita com purê de mandioca (aipim ou macaxeira) e carne-seca (carne de sol ou charque), é coberta com queijo, geralmente mussarela ou queijo de coalho, que derrete e une os sabores.
Embora alguns acreditem que o prato tenha inspiração na “shepherd’s pie” inglesa, outros defendem uma origem africana. O conceito central de “esconder” a carne, criando um prato que se revela aos poucos, faz parte de uma tradição cultural profunda. No Nordeste, especialmente, a carne não é só comida; é símbolo de fartura e poder. Guardá-la para o final é uma afirmação de que, na refeição, a verdadeira riqueza se revela.
Lomo Saltado
O lomo saltado é o exemplo perfeito da fusão entre as culturas peruana e chinesa, resultado da imigração chinesa para o Peru no século XIX. A culinária peruana, essencialmente criolla, reflete a mistura de povos indígenas e colonizadores espanhóis, criando uma base rica e única.
A influência oriental se revela na técnica de cocção rápida em frigideira, enquanto a tradição peruana se faz presente nas carnes típicas. Ao longo dos anos, o prato ganhou diferentes nomes e como “lomito a la chorrillana”, “lomito de vaca” e “lomito saltado.” Existem variações regionais, e hoje é um dos favoritos no Peru, cuja gastronomia é aclamada mundialmente.
Milanesa Napolitana
A milanesa napolitana nasceu em Buenos Aires, nos anos 40, quando um cozinheiro armador do restaurante Napoli improvisou ao cobrir uma milanesa que havia queimado com molho de tomate, presunto e queijo. O prato fez tanto sucesso que logo se espalhou, mas a milanesa tem uma origem ainda mais antiga, nas guerras napoleônicas, com o schnitzel empanado das tropas austríacas.
A milanesa reflete a fusão de culturas na Argentina, onde a imigração italiana deixou sua marca. No Brasil, um prato irmão da milanesa surgiu: o bife à parmegiana. Embora o nome venha de parmigiana, de Parma, na Itália, o prato é uma invenção da culinária paulista.
Moqueca Baiana
A moqueca é um prato que representa as origens do Brasil, com influências indígenas, africanas e portuguesas. Existem versões distintas em todo o litoral, mas a disputa mais conhecida é entre Bahia, Pará e Espírito Santo, cada uma reivindicando a origem do prato. Com raízes no “pokeka” indígena, a moqueca se transformou com o tempo, ganhando ingredientes como azeite de dendê, pimenta malagueta e leite de coco, especialmente na Bahia, onde se tornou uma verdadeira joia gastronômica. Além dos europeus introduziram seu legado culinário, com cozidos de legumes.
Machas a La Parmesana
No Chile, as machas a la parmesana surgiram na década de 1950, quando o imigrante italiano Edoardo Melotti Ferrari criou um prato que uniu ingredientes italianos e chilenos. Esse prato rapidamente se tornou um clássico da culinária chilena, e hoje é amplamente apreciado.
Nosso guia da culinária latina reflete as raízes que compartilhamos e os valores que nos unem. Cada prato conta uma história de adaptação, fusão e resiliência. Como a gastronomia, nós também nos transformamos e nos conectamos com os lugares que nos acolhem, enriquecendo cada cultura que encontramos ao longo do caminho.
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