O Grammy Latino, geralmente realizado em Las Vegas, famoso como o epicentro do entretenimento noturno dos Estados Unidos, teve uma mudança importante no ano passado, sendo realizado em Sevilha, na Espanha — a capital da região da Andaluzia. Esta mudança não apenas trouxe mais praticidade para os artistas, mas também carregou um significado cultural profundo, já que a cidade é considerada a terra natal da música flamenca, um patrimônio cultural e um dos maiores símbolos da tradição musical espanhola.
A ideia para o Latin Grammy surgiu em 1989, quando os organizadores perceberam que a música latina havia se tornado grande demais para ser incluída na premiação principal dos Grammy Awards. Além disso, havia uma percepção de marginalização da comunidade latina nos Estados Unidos — imigrantes e refugiados que, muitas vezes, não viam seu trabalho reconhecido de forma justa no cenário musical mainstream. Assim, a primeira cerimônia dos Latin Grammy aconteceu em 13 de setembro de 2000, no Staples Center, em Los Angeles, sendo transmitida ao vivo pela CBS — a primeira vez que uma programação em espanhol foi exibida ao vivo em horário nobre na televisão estadunidense.
Desde então, várias edições do evento marcaram a história da música latina, celebrando artistas de diferentes origens e gêneros. A cerimônia não só prestou homenagem à diversidade da música latina, mas também se tornou um marco importante no reconhecimento de talentos de diversas partes da América Latina e do mundo. Com performances emocionantes e categorias que vão desde o pop até o reggaeton, o Latin Grammy se consolidou como uma vitrine vital para os artistas latinos no cenário global.
O evento deste ano, realizado em Miami, em parceria com o Condado de Miami-Dade e o Greater Miami Convention & Visitors Bureau, prometeu ser uma verdadeira celebração dos sons vibrantes da música latina. Miami, como uma ponte cultural entre os Estados Unidos e a América Latina, foi o cenário ideal para honrar a riqueza e a diversidade da música latina. Mas, será que a premiação realmente fez jus à vasta diversidade de talentos que existem dentro do gênero?
A cerimônia foi, mais uma vez, alvo de críticas pela falta de representação. Embora celebre a música cantada em espanhol e português, independentemente do país de origem, muitos artistas latino-americanos sentem-se excluídos. Apesar de superestrelas continentais e artistas que dominam o cenário musical global, muitos se queixam de que a premiação continua a dar destaque excessivo a artistas de apenas algumas regiões, como o Caribe, o México e a Españha. O que pode ser uma distorção da diversidade real da música latina, que abrange uma imensa gama de estilos e influências de toda a América Latina.
Francisco Solís Monroy, crítico de cultura pop chileno do podcast de música Clase Básica, expressou seu descontentamento com a premiação, dizendo: “Os Latin Grammys são dos EUA, são gringos.” Ele acusa o evento de promover uma concepção limitada da música latina, associando-a principalmente à música caribenha, mexicana e sul-americana, enquanto artistas de outras partes da América Latina, como Chile, Equador e Peru, continuam sendo marginalizados. Solís Monroy questiona, inclusive, a legitimidade de incluir artistas da Espanha na premiação, dada a complexa e controversa história colonial do país com as nações latino-americanas.
Além disso, a premiação também reflete muitas vezes os favoritismos da indústria, em vez de ser guiada pelo gosto do público. Isso pode dificultar a ascensão de novos talentos, que nem sempre têm a mesma visibilidade ou apoio das grandes gravadoras e plataformas musicais. No entanto, apesar dessas críticas, o Latin Grammy continua a ser uma catapulta para muitos artistas, especialmente aqueles que não têm o mesmo acesso ao mainstream da música pop global. Este ano, a edição especial de 25 anos da premiação trouxe nomes veteranos que ajudaram a solidificar o evento como um marco na história da música latina — mas ao mesmo tempo, isso significou uma certa exclusão de artistas emergentes, novatos e pouco conhecidos pelo grande público.
Mas o futuro do Latin Grammy parece promissor. Em 2025, a expectativa é de uma noite eletrizante, com artistas latino-americanos que estão redefinindo a música global. De Shakira, sempre icônica e inovadora, a Anitta, que leva o funk brasileiro para o mundo com seu estilo único e envolvente, a lista de indicados promete ser um reflexo da diversidade musical da América Latina. Kali Uchis, com sua mistura de culturas e estilos, Feid e Peso Pluma, que dominam o reggaetón e o regional mexicano, são apenas alguns dos nomes que estão conquistando o cenário global. Cardi B reforça o hip-hop latino com sua atitude única, enquanto Mon Laferte encanta com sua arte visceral e emocional. Outros artistas, como Miko e Carin León, continuam a trazer autenticidade e originalidade à música latina, ampliando ainda mais o panorama musical latinoamericano.
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