Assim como a tendência “Soy Latina“, a “makeup latina” busca celebrar a individualidade, o empoderamento e a alegria de abraçar a própria identidade. No entanto, essa segunda tendência também borra as linhas entre valorização cultural e apropriação, especialmente quando é absorvida pelo mainstream. Embora a América Latina seja uma das regiões mais populosas do mundo, debates sobre apropriação cultural e brownface continuam surgindo. O brownface se refere ao uso de maquiagem escura para imitar a aparência de uma pessoa racializada, tipicamente de ascendência latina, embora também possa reforçar outros estereótipos raciais.
O visual da “makeup latina” geralmente inclui sobrancelhas bem marcadas, olhos definidos, lábios volumosos e maçãs do rosto iluminadas. Embora a intenção por trás dessa tendência seja a valorização da estética latina, em alguns casos, ela se mistura com práticas problemáticas como o brownface. Isso se torna ainda mais preocupante quando personagens latinos ou latinas são interpretados por atores brancos usando maquiagem para escurecer a pele, um reflexo do white-washing. Essa prática de “branqueamento” tem raízes profundas e, embora tenha sido comum até os anos 1960, ainda reflete a ausência de uma representação genuína da comunidade latina na mídia.
Como John Leguizamo expressou no último Emmy: “Todos nos interpretavam, menos nós mesmos. Eu não via muitas pessoas na TV que se pareciam comigo. Era assim que nos víamos, porque era isso que víamos.” Esse sentimento evidencia a falta de uma representação precisa e diversificada na mídia.
O que o futuro reserva para a representação latina nas telonas estadunidenses? A incerteza persiste, mas uma coisa é certa: a cultura latina vai muito além das novelas e permeia diversas formas de expressão artística, acadêmica e política. Estamos criando espaços de abrigo como a SOMOS, uma rede de apoio dedicada à comunidade latina.
É importante entender que não há uma única forma de “parecer” latino. A comunidade latina é rica em diversidade, com indivíduos que variam amplamente em termos de tons de pele, características faciais e tipos de corpo. A identidade latina é complexa, e, em alguns contextos, latinos podem ser racializados como brancos, enquanto em outros enfrentam discriminação racializada. Essa diversidade é resultado da nossa história, marcada pela colonização e imigração de diferentes povos.
Logo, não existe uma aparência latina padrão, mas todos nós somos capazes de nos destacar na multidão. Isso vai além do sotaque e dos diversos elementos distintivos de linguagem corporal e marcadores culturais. Até mesmo a pequena cicatriz redonda na parte superior do braço, geralmente no ombro, originada pela vacina BCG, carrega uma marca de nossa história coletiva. A democratização da criação e distribuição de conteúdo tem um papel fundamental em ampliar a diversidade de vozes dentro da nossa comunidade.
Muitas vezes, latinas são vistas como um estereótipo de uma fantasia sexualizada sobre as mulheres latinas, uma imagem que remonta à era colonial e é perpetuada até hoje pela mídia global. Esses estereótipos ainda contribuem para discriminação e assédio.
A SOMOS está aqui para criar conexões, sejam elas profissionais, pessoais ou até mesmo um convite para redescobrirmos a beleza das nossas raízes. Valorizamos a diversidade dos microcosmos que formam a América Latina e acreditamos que sempre há espaço para mais um nesse “balão” que atravessa o tempo e conecta nossas histórias. Nosso compromisso é claro: manter vivas as narrativas que nos moldaram, unindo passado e presente, e celebrando o que nos torna especiais. Compartilhamos raízes profundas e uma rica herança cultural, e queremos continuar explorando isso e muito mais.
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