Soy Latina Ecoa Poder e Diversidade na Identidade Feminina

Em 2025, as tendências culturais estão se transformando rapidamente. Depois da era Clean Girl, com sua estética minimalista e aparência natural, surge uma nova abordagem de expressão da identidade latina: o movimento Soy Latina. Ao contrário da simplicidade que buscava padrões de beleza eurocêntricos, Soy Latina celebra as diversas formas de ser latina, com uma multiplicidade de cores, estilos e influências que refletem a riqueza cultural do nosso continente.

A Clean Girl, uma tendência minimalista de moda e beleza, prioriza uma aparência “natural” com o uso mínimo de produtos. Cabelos puxados para trás, roupas casuais e de cores suaves são seus principais elementos. Seu objetivo é parecer bem cuidada e arrumada, sem exageros, buscando uma elegância casual e polida, popularizada especialmente nas plataformas como o TikTok. Muitos veem nela um reflexo da pandemia, quando ficamos confinados em casa e a busca por um estilo simples e sem ostentação se tornou predominante. Porém, a Clean Girl também gerou críticas relacionadas ao privilégio de classe, raça e até à promoção de padrões de beleza irreais, que acabam contribuindo para uma pressão sobre a imagem corporal.

Em resposta a isso, surge o movimento Soy Latina, que abraça uma diversidade estética e cultural muito mais rica e plural. Enquanto a Clean Girl poderia ser vista como uma expressão de uma normatividade idealizada, Soy Latina vai além, propondo um espaço de liberdade e celebração da multiplicidade de estilos e identidades. No entanto, é importante destacar que existem muitas outras latinas que não se encaixam em categorias predefinidas — mulheres que, em sua variedade, ultrapassam os limites dos exemplos mais conhecidos, mas que também têm suas histórias, estilos e vivências essenciais.

A autora Jillian Hernandez ilustra bem essa transformação cultural ao afirmar: “Para muitas das nossas famílias imigrantes, sobreviver e alcançar mobilidade social significava se adequar aos padrões euro-americanos de beleza e comportamento. Por isso, fui instruída a apresentar uma feminilidade que seguisse os ideais brancos: leveza, magreza e um guarda-roupa de roupas com um corte ‘clássico’ que não ressaltasse minhas curvas ou as escondesse completamente. Se eu não fizesse isso, havia um vocabulário todo voltado para zombar e excluir as mulheres das redondezas, fazendo com que garotas como eu se sentissem pressionadas a se conformar esteticamente: cafona, chusma, chunti, entre outros. E funcionou — por um tempo.”

Historicamente, a figura da “boa menina” era definida pela aparência física de uma jovem, mais do que por seus princípios éticos. A “boa menina” se vestia de forma modesta, evitava chamar atenção para o corpo e usava maquiagem suave. Seu cabelo era liso, e seu estilo não exibia traços de uma identidade de rua, como argolas grandes, cabelo cacheado ou delineador ousado.

Mas as mulheres latinas, ao longo do tempo, criaram suas próprias formas de expressar identidade. As Cholas, por exemplo, representam uma mistura de confiança e estilo único. Elas são símbolo de resistência cultural e feminilidade autêntica, com seu visual marcado por delineador labial, calças largas, camisas de flanela e bandanas, junto com tatuagens e brincos de argola.

Já as Chongas, originárias do sul da Flórida, representam uma atitude ousada e chamativa, com roupas justas, maquiagem caprichada e acessórios como argolas, desafiando os padrões de beleza impostos pela sociedade e celebrando suas raízes culturais. As Chicanas, por sua vez, são mulheres de origem mexicano-americana que transitam entre duas culturas e fazem do ativismo social e político uma extensão de sua identidade.

E as Chingonas, mulheres que não se intimidam, personificam força, resiliência e independência. Elas desafiam as normas impostas pela sociedade e sabem usar seu poder de forma determinada e sem desculpas. As Cholitas, que representam mulheres indígenas da Bolívia, especialmente das comunidades Aymara e Quechua, carregam com orgulho suas roupas tradicionais, como chapéus de aba curta e saias volumosas. Elas são símbolos de resistência histórica, usando a moda como uma ferramenta para reafirmar sua identidade e lutar por igualdade.

Porém, vale ressaltar que esses grupos representam apenas uma fração da diversidade latina. A América Latina é vasta e sua população é formada por uma infinidade de mulheres com histórias diferentes. Muitas latinas não se encaixam em categorias tradicionais ou populares, mas elas igualmente são partes essenciais desse movimento. Elas são as mães, as artistas, as empresárias, as acadêmicas, as ativistas, e muito mais. Elas representam uma ampla gama de experiências, de estilos e de expressões que não se limitam a rótulos específicos, mas que são igualmente poderosas.

A América Latina, marcada por uma história de colonização, escravidão e imigração, nos trouxe uma diversidade vibrante em todos os aspectos da vida. E é nesse contexto que surge o movimento Soy Latina, que valoriza a pluralidade, celebra os excessos e desafia os estereótipos impostos. O movimento também abre um espaço para as “chiquitititas” — aquelas que não se encaixam nas categorias tradicionais, mas ainda assim carregam uma força e resiliência incomparáveis. Quando tentam nos apagar com medidas extremas, nós somos resistência, somos poder.

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